“Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito.
É preciso também que haja silêncio dentro da alma.” (Alberto Caeiro)




12.8.13

ABOUT BEING

"Being attentive to the needs of others might not be the point of life, but it is the work of life. It can be messy, and painful, and almost impossibly difficult. But it is not something we give. It is what we get in exchange for having to die" (Jonathan Safran Foer)

9.6.12

RIVERS AND ROADS


 
(The Head and the Heart)

"rivers and roads...
...'til i reach you"


30.10.11

"Had we but world enough and time... "
(Andrew Marvell)

25.6.11

AO CHEIRO DAS ÁGUAS

"Porque há esperança para a árvore que, se for cortada,
ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos.
Se envelhecer na terra a sua raiz,
e no chão morrer o seu tronco, 
ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como planta nova"
(Jó 14: 7-9)

12.6.11

DEPOIS DA CHUVA

"Ficamos a olhar o verde do jardim, as gotas a evaporarem, as lesmas a prepararem os corpos para novas caminhadas.
O recomeçar das coisas.

- Não sei onde é que as lesmas sempre vão, avó.
- Vão pra casa, filho.
- Tantas vezes de um lado para o outro?
- Uma casa está em muitos lugares - ela respirou devagar,
me abraçou.  - É uma coisa que se encontra".

(Ondjaki, Os da minha rua)

18.4.11

ATOMS FOR PEACE

8.3.11

SOBRE O SILÊNCIO
 
"O mundo inteiro está naquilo que dizemos - e totalmente esclarecido pelo que calamos".
(D. Pennac)


8.2.11

SOBRE A FÉ

   "Então, me perguntou: Filho do homem, acaso, poderão reviver estes ossos? Respondi: Senhor Deus, tu o sabes. 
    Disse-me ele: Profetiza a estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavra do Senhor. 
    Assim diz o Senhor Deus a estes ossos: Eis que farei entrar o espírito em vós, e vivereis. Porei tendões sobre vós, farei crescer carne sobre vós, sobre vós estenderei pele e porei em vós o espírito, e vivereis. E sabereis que eu sou o Senhor.
    Então, profetizei segundo me fora ordenado; enquanto eu profetizava, houve um ruído, um barulho de ossos que batiam contra ossos e se ajuntavam, cada osso ao seu osso. 
     Olhei, e eis que havia tendões sobre eles, e cresceram as carnes, e se estendeu a pele sobre eles; mas não havia neles o espírito.
     Então, ele me disse: Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Vem dos quatro ventos, ó espírito, e assopra sobre estes mortos, para que vivam. 
     Profetizei como ele me ordenara, e o espírito entrou neles, e viveram e se puseram em pé, um exército sobremodo numeroso".
     (Ez 37:3-10)

31.1.11

SOBRE AQUILO QUE ESCOLHEMOS

Porque você foi presença em minha solidão.
Porque você foi quem me fez escrever.
Porque sempre te vi como a um espelho.
Porque tantos escritos houve, sem que nos responsabilizássemos por eles.

STOP talvez seja uma boa solução para esta canção em looping:
Eu digo que te amo.
Você responde não acreditar no amor.

Insisto no Amor. 
Você, na fuga.
Nunca te quis em uma gaiola.

Toda vez que te vejo.
               que nos abraçamos.
               que seguro as tuas mãos.
E mesmo todas as vezes que te mando à merda.
Tudo parece tão simples.

As palavras quando escritas, porém,
apagam o que eu pensava saber sobre você.
Criam incertezas e distâncias.
Há tanto. Tantas outras além.

Gosto do simples, você sabe.
Beijo de boa-noite.
Café-da-manhã na padaria
(você leria o jornal)

Acreditei (sozinha?)
em nosso impossível e inexplicável.
E desejei - como em uma prece - que pudesse ver por um instante através de meus olhos e meu coração.
Então nunca mais teria de te explicar como me sinto.

Gostaria que alguma vez você tivesse decidido ficar.

Claro está.
Vivemos em mundos diferentes.
No meu, milagres acontecem e 
morrer é condição essencial para ressuscitar.

15.11.10

SOBRE AS CICATRIZES

Fui uma criança muito agitada.
Por não ter tido paciência para engatinhar,
logo me levantei e aprendi a correr.
As marcas dessa ansiedade foram sentidas pelo corpo – galos permanentes na testa – dos lados direito e esquerdo – e muitos, muitos band-aids.
Joelhos e cotovelos que se revezavam, feito semáforo, vermelho-mercúrio.

Tudo isso conta minha mãe.
Eu, na verdade, tenho uma memória lacunar da infância – desconfio de que a pressa não dava tempo suficiente às imagens para que decantassem.
Hoje me restam as cicatrizes – riscos esbranquiçados e levemente salientes na pele – pistas da minha história.

...

Há um ano, fui vítima de um assalto.
Voltava para casa trazendo os livros novos que comprara em uma feira quando um motoqueiro tentou levar minha bolsa.
A alça – pesada de tanto conhecimento – enroscou-se em meu braço, o tranco da puxada me derrubou e fui arrastada por alguns metros pela moto.
Pernas, pés e costas esfoliados.
Cotovelo direito sangrando muito.

É interessante que uma ferida nos faça negligenciar as demais partes do corpo. Por algumas semanas, tive os movimentos limitados e tornei-me um cotovelo.

Ainda mais interessante é notar que uma ferida sempre atrai novas pancadas. O ferimento volta a ficar exposto, sofremos novos sangramentos e mais dor.

A marca deixada ainda não está totalmente cicatrizada.
Somente os machucados de infância desaparecem rapidamente.

...

Há pouco mais de dois anos sofri um ferimento de alma.
Dessas feridas sérias de adulto que não cicatrizam em algumas semanas. Tornei-me então, um coração machucado.
Como dita a regra, negligenciando as demais partes do todo.

Feridas sempre atraem novas pancadas – fotos, telefonemas e novas mentiras – destaparam por vezes o ferimento que voltava a sangrar e doer.

Mulheres grávidas, crianças que caminham de mãos dadas com seus pais, lojas de artigo infantil - olhos embaçados - uma mistura de lágrimas, sangue e paradas respiratórias.

Examinando esta semana meu estado de alma – após uma nova escoriação – pude perceber que a ferida ainda dói, mas cada vez mais se parece com uma cicatriz.

...

Cicatrizes não sangram e não doem.
São um memorial tatuado em nossas peles que ajudam a contar histórias.
Quem fomos e como chegamos a quem somos.
Símbolos - como cruzes que deixamos na estrada.