“Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito.
É preciso também que haja silêncio dentro da alma.” (Alberto Caeiro)




30.7.08

DAS ÁGUAS

Caminho à beira do mar, no exato lugar em que a onda choca-se com a areia, molho meus pés e sigo a linha de espuma deixada entre seu ir e vir como quem caminha sobre um arame de circo. Equilibro-me entre o que penso e o que sinto/sei (mas desconfio).
Os anos ensinaram-me a ler as pessoas, ler suas intenções com o coração, mas a desafiá-las com a mente. Testar limites e comprovar certezas.

Descanso meus olhos mirando-o.
Sonho acordada, vejo meus sonhos e medos desenhados, projetados em suas ondas.

Pregou-me uma peça ou duas.
Comunicação não-verbal.

Toma-me um bem e traz-me outro.

- Paciência e espera, me diz.
- Como? Ensina-me.
PERGUNTANDO

Perdida entre lembranças e tantos "eus".
Minha vida passa como um filme dentro de mim.

Em looping.
O filme acaba. Começa de novo.
Procuro o exato momento em que perguntas "tão simples" passaram a tão difíceis de responder:

- Ah, eu gosto mesmo é de...
- Eu trabalho com isso porque acredito que...
- O meu sonho mesmo é...
- Eu gostaria mesmo é de...
- O que eu estou querendo dizer é que estar vivo... bem, o bom da vida... a gente vive para...