“Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito.
É preciso também que haja silêncio dentro da alma.” (Alberto Caeiro)




30.10.08

VEROSSIMILHANÇA E NECESSIDADE

“Tanto na representação de caracteres como no entrecho das ações, importa procurar sempre a verossimilhança e a necessidade; por isso, as palavras e os atos de uma personagem devem justificar-se”. (Aristóteles – A Poética)

ou

“verossimilhança e conveniência confundem-se sob um mesmo critério, isto é, ‘tudo está de acordo com a opinião do público’. Esta opinião, real ou suposta, é bem precisamente o que se denominaria hoje uma ideologia, isto é, um corpo de máximas e de preconceitos”. (Genette)

O fato é que as personagens de ficção, por mais esféricas e complexas psicologicamente que se apresentem, vão sempre estar condicionadas a essas duas máximas – verossimilhança e necessidade.
As personagens devem manter uma lógica para que acreditemos em sua veracidade e para que nos envolvamos com sua vida e seus problemas.
Uma incoerência de personalidade pode nos afastar automaticamente da ficção e pode nos fazer questiona-la.
A avaliação de coerência está baseada tanto na lógica interna da personagem quanto em um consenso social – o socialmente possível e aceito.
A questão é: por que somos tão exigentes com a ficção se a vida “real” não segue a nenhuma lei de verossimilhança?

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